terça-feira, 8 de março de 2011

O que pensam os animais


Após alguns dias sem postar, compenso vocês leitores com trechos de uma reportagem publicada na revista Superinteressante desse mês de março/2011 que aborda o tema da inteligência animal. A matéria de capa tem o título “O que pensam os animais”. Vale a pena ir até uma banca e adquirir um exemplar da revista para ler o texto na íntegra.

Eles se apaixonam, fazem planos para o futuro, sentem saudade, tecem intrigas e enganam você. A ciência começa a descobrir que sim, os animais também são gente. Para o bem e para o mal. Golfinhos são sádicos, vacas têm inimigas, gatos e cachorros são experts em dissimulação e galinhas fazem planos para o futuro. A ciência revela o universo oculto no cérebro dos animais.

“NUMA MANHÃ, enquanto Gregor Samsa acordava de sonhos inquietantes, descobriu que tinha se transformado num inseto monstruoso. As várias pernas, miseravelmente finas em comparação com o resto do corpo, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos. 'O que aconteceu comigo?', pensou."

Sim: este é o começo de A Metamorfose, do Franz Kafka: Gregor Samsa acorda transformado numa barata. É tudo uma alegoria sobre a solidão, a timidez... Mas se acontecesse essa desgraça com você na vida real, não precisaria se preocupar: uma barata é só uma máquina programada para encontrar comida e fugir de chineladas. É burra como um glóbulo branco. Uma barata não sabe que é uma barata. Você não teria nojo de você mesmo se acordasse como uma - só iria pensar em comer uma lata de nescau na cozinha. Mas um golfinho sabe que é um golfinho. Um elefante sabe que é um elefante. Um cachorro sabe que é... gente. O incrível é que, até há pouco tempo, a ciência não aceitava isso. Dividia tolamente a vida entre "humanos" e "animais"- como se uma baleia tivesse mais a ver com uma ameba do que com você. A noção geral dos cientistas hoje é bem mais complexa: a diferença entre as nossas faculdades mentais e as dos gatos, chimpanzés e periquitos seria de grau, não de tipo. É como comparar um Porsche com um fusca: há uma clara diferença de nível entre eles, mas ambos são carros. E saíram da prancheta do mesmo projetista.

CONSCIÊNCIA

Para começar a entender como funciona a inteligência em mentes que não são de Homo sapiens, temos que compreender como elas percebem o mundo. Para os humanos, uma rosa é uma flor romântica. Para um besouro, ela é um território de caça. Um leopardo mal percebe que as rosas existem. Um cachorro não vai ligar para ela, a menos que ela contenha xixi de outro cachorro ou tenha sido tocada pelo dono. Aí, sim, ele vai dar à rosa um montão de significados.

“Enquanto somos seres visuais, os cães sentem a realidade com o focinho” diz a psicóloga americana Alexandra Horowitz, especialista em comportamento animal. Ao cheirar um cafezinho, por exemplo, algumas pessoas conseguem saber se ele foi adoçado com uma colherzinha de açúcar. Já um beagle consegue farejar uma colher de açúcar diluída numa quantidade de café equivalente a duas piscinas olímpicas.

Assim, o universo dos cachorros é um estrato de cheiros diferentes. Graças aos odores que você exala e ás células epiteliais que deixa pelo caminho, seu cão sabe quase tudo sobre você: por onde andou, que objetos tocou, o que comeu, se beijou alguém ou se correu um pouco. O olfato do cão é capaz até de rastrear doenças em humanos, como mostra um recente estudo da Universidade Kyushi, no Japão.

ESPERTEZA

Poucas coisas incomodam tanto quanto choro de gato com fome. Parece que ele vai morrer se você não der comida na hora. Mas não se desespera, pode ser um truque do bichinho. A cientista Karen McComb, da Universidade de Sussex, na Inglaterra, descobriu que alguns gatos emitem uma súplica de alta freqüência, similar ao choro de um bebê, que dispara um senso de urgência no cérebro humano. Isso é um instinto que animais domésticos desenvolvem. Com esse miau histérico, os gatos dão um show de Inteligência emocional: eles sacam a fraqueza do dono para manipulá-lo. 

Cachorros não são menos malandros. Eles também fazem suas demandas de acordo com o público da casa. Cães aprendem rápido quem são as pessoas que podem colaborar e as que não lhes dão bola. Eles fazem isso melhor que qualquer outro animal. O segredo deles é o contato visual. Eles são os únicos bichos que sabem o que você está pensando: olhando nos olhos eles podem detectar o nível de atenção dos donos e atuar de acordo com ele.

LINGUAGEM

O Homo sapiens é o único animal capaz de dominar sintaxe, formar frases complexas e registrar o que pensa. Mas alguns bichos podem compreender a nossa linguagem quase como se fosse uma pessoa – embora não consigam reproduzi-la com a desenvoltura de um papagaio. Kanzi, um bonobo (parente do chimpanzé), criado pela pesquisadora americana Sue Savage-Rumbaugh, cresceu exposto ao nosso vocabulário e domina 400 palavras. Como não pode falar, Kanzi forma frases apontando para um glossário de símbolos.

Chaser, uma border collie, aprendeu o nome de mais de mil objetos. Seu dono, um psicólogo, já nem conta mais quantas palavras ela sabe. Agora ele prefere lhe ensinar rudimentos de gramática.

Golfinhos têm uma linguagem interna. Eles se comunicam por assobios e sinais corporais como saltos, tapas da cauda na água e fricção da mandíbula.

EMOÇÕES

Passarinhos não só ficam nervosos como amam também. Mais de 90% das aves são monogâmicas. É realmente improvável que o amor tenha aparecido entre os Homo sapiens sem nenhum precursor na escala evolutiva. E, como imaginou Darwin, o mesmo vale para o prazer, a dor... e a saudade.

A espécie canina evoluiu para se tornar mais que uma subespécie de lobo. Emocionalmente ele está mais para um humano de quatro patas. Na alegria e na tristeza. Alguns se recusam a comer quando o dono vai viajar e voltam a aceitar o prato depois de ouvir a voz de seus pais humanos no telefone. É uma forma primitiva de saudade.

Vacas também têm seus momentos down. Mas a maior característica delas é outra: são fofoqueiras. Formam pequenos grupos de amigas, têm rixas com outras vacas e guardam rancor por anos.

Vocês podem conferir a reportagem completa na revista desse mês. São nove páginas com fotos, resultados de pesquisas e informações mais detalhadas sobre a inteligência dos animais.

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