A neoplasia ou tumor corresponde ao crescimento descontrolado e anormal de células ou tecidos no corpo. Pode ser benigno, caracterizando um crescimento não agressivo que não invade os tecidos próximos, ou maligno, que tende a crescer rapidamente invadindo tecidos próximos e distantes (metástase). A palavra câncer é freqüentemente confundida com neoplasia, porém apenas a neoplasia maligna é considerada um câncer.
A neoplasia é algo muito comum de acontecer em animais idosos. A cada dia que passa os animais de estimação estão vivendo por mais tempo, comendo rações com conservantes e estão expostos à poluição do meio ambiente. Devido à soma desses fatores, os animais estão mais sujeitos a desenvolver neoplasias.
Quais os tipos de tumores malignos mais comuns em cães e gatos?
Os tumores malignos de pele (carcinomas cutâneos) estão entre os cânceres mais comuns, principalmente em cães e gatos mais idosos. São mais comuns nos animais de pele muito clara, com pouca pigmentação e mais freqüente em felinos que em cães. A área mais afetada costuma ser a face. Os sarcomas (tumores malignos provenientes do tecido muscular, adiposo e ósseo) são também de incidência relativamente alta. No Brasil, são mais freqüentes em cães que em gatos. Os tumores de origem ligada à formação de células sanguíneas (tecido hematopoiético), também acometem tanto cães como gatos, sendo mais comuns as leucemias e os linfomas. São comuns nos gatos infectados pelo vírus da leucemia felina (FeLV). Dentre os tumores menos freqüentes, encontramos os tumores do sistema nervoso.
Sinais de uma possível neoplasia
Normalmente a neoplasia é diagnosticada pelo veterinário com base na ficha clínica do animal e exames. Radiografias, exames de sangue e ultra-sonografia podem ser necessários para confirmar a neoplasia, sendo que a biópsia será necessária para diagnosticar a natureza dessa neoplasia: maligna ou benigna.
Em tumores internos, a detecção é mais difícil e geralmente acontece num estágio mais avançado da doença. Se preocupe com emagrecimento repentino (lembrando que várias outras doenças causam emagrecimento). Na pele: observe feridas que não cicatrizam e aumentam de tamanho, nódulos sólidos subcutâneos, nódulos com aspecto de "couve-flor" na pele e na área genital, feridas que sangram com frequência, e em fêmeas, fiquem sempre de olho nas mamas, palpando todas (se preocupe se encontrar caroços duros).
Neoplasia mamária
As cadelas e gatas são frequentemente acometidas por neoplasias mamárias, mais comuns em cadelas, mas costuma ter mais malignidade nas gatas. Quanto mais jovem o animal é castrado, menores são as chances de câncer de mama. Quando castradas antes do primeiro cio, as chances de tumor mamário são praticamente inexistentes. Animais que sofrem de gravidez psicológica tem maior predisposição.
Acometem, em geral, animais mais velhos (com cerca de 10 anos de idade), de preferência em animais que possuem todo o seu aparelho reprodutivo (inteiros) e animais que foram castrados após numerosos cios. Não há uma preferência por raça, todas estão sujeitas a esta neoplasia.
O aparecimento desta neoplasia está relacionada com a produção de hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona. Em cadelas, o risco para o desenvolvimento do tumor mamário está relacionado com o número de ciclos estrais da cadela, aumentando consideravelmente a cada ciclo estral. Já em gatas, esse risco aumenta em até sete vezes em fêmeas inteiras comparadas com fêmeas castradas na puberdade.
Os animais com câncer devem ser sacrificados? Existe tratamento?
Há tratamento e este pode ser de dois tipos: paliativo ou curativo. O tratamento paliativo visa minorar o sofrimento do animal, quando não há perspectiva de cura. Visa aliviar a dor, corrigir disfunções que comprometam a qualidade de vida do bichinho. Pode envolver também cirurgias, no caso de obstruções de qualquer natureza ou dor intensa. A eutanásia é recomendada nos casos em que o tratamento paliativo não consegue minorar o sofrimento do animal e este tem a sua qualidade de vida comprometida, mesmo com os cuidados médico-veterinários. O tratamento curativo pode envolver cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia.
A cirurgia pode curar o animal?
A cirurgia, quando possível, é o melhor tratamento e oferece maior índice de cura (com exceção para as doenças do sistema hematopoiético). Esta deve não só remover o tumor maligno, mas também o tecido aparentemente são em volta deste, inclusive os gânglios linfáticos próximos à lesão.
Quando é indicada a quimioterapia?
É indicada nos casos de leucemias e linfomas. Pode também ser utilizada como tratamento combinado com a cirurgia, principalmente para certos tumores com tendência a gerar metástases, como, por exemplo, melanoma e sarcoma. Esse tratamento pode ser através de medicações injetáveis ou orais e necessita de muitos cuidados, como hidratação do animal antes de cada sessão, pois, como as drogas são muito agressivas e tóxicas, proporcionam muitos efeitos colaterais que podem ser minimizados através da hidratação cuidadosa.
Os animais perdem pelos com a quimioterapia?
Em geral, não se observam efeitos colaterais tão intensos nos cães e gatos como nos humanos, pois, nos humanos, se deseja a cura a qualquer custo, enquanto que no animal, o alívio do sofrimento e o aumento da sobrevida têm também um significado importante e, portanto, doses menores e drogas menos agressivas são utilizadas. Quanto à queda de pelos (alopecia), em geral, ocorre em áreas localizadas e algumas raças são mais afetadas que outras, como, por exemplo, o Cocker Spaniel. Outros efeitos colaterais gerais são observados como vômito, diarreia, falta de apetite e perda de peso. Alguns podem ser aliviados com uso de medicações. Alguns efeitos colaterais mais sérios devem ser observados como alterações no músculo do coração ou nos rins e são específicos da utilização de determinadas drogas – cisplatina e doxorrubicina.
Há outros tipos de tratamento?
Há uma técnica denominada crioterapia que consiste no congelamento de determinadas células neoplásicas, causando a sua morte. Não é indicada para todos os tipos de tumores malignos, podendo ser utilizada em pequenas lesões de pele ou nas mucosas.
Em alguns casos, como em tumores ósseos, é indicada a amputação do membro afetado.
Deve-se sempre levar em conta a importância do diagnóstico precoce. A cura depende do início precoce do tratamento, lembrando que a biópsia é o único método de diagnóstico seguro.
Receber o diagnóstico de que o animal está com câncer não é nada fácil para o proprietário. A maioria dos casos ainda tem um final infeliz, mas com os avanços da medicina e o diagnóstico precoce, muitas neoplasias podem ser curadas ou controladas, e em muitos casos o animal consegue ter uma sobrevida longa e de qualidade.
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