segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Meu primeiro luto por um cão


2009  † 2011


Tapioca, Pitoco, Sorriso. Ainda que o primeiro fosse o nome “oficial”, cada um tinha um nome específico para chamar esse cãozinho, preto que nem carvão, que nasceu e cresceu na Fazenda Laranjeira. Era valente, carinhoso, alegre e companheiro. Mesmo cansado, não deixava de acompanhar-me durante as caminhadas que costumo fazer. Enquanto os seus irmãos, ainda filhotes, se escondiam com medo dos humanos, ele surgia do meio do mato, com fome e sede, como quem pedindo abrigo e proteção. Confesso, fui rendida por um sentimento de compaixão que se transformou em uma grande amizade.

A sua morte aconteceu logo depois que completou um ano. Ele era um cão boiadeiro e ajudava o vaqueiro no manejo do gado. Certo dia, quando o gado ia sendo conduzido de uma fazenda a outra, Tapioca se desviou do caminho e foi atacado por 4 Pitt Bulls. Valente como era, enfrentou os cães e se machucou bastante. Quando viu que não dava mais para enfrentar, conseguiu fugir. Perdeu-se no mato e ninguém conseguiu achá-lo. Depois de dois dias de busca, o seu corpo foi encontrado.

A notícia veio na hora do almoço. Um sentimento de tristeza travou-me a garganta e a comida não mais desceu; eu só queria chorar para aliviar a dor. Não pensei que fosse sentir tanto. Negão, o pai, por muitos dias, deitando no lugar onde ele tinha por hábito tirar uma soneca à tarde, passou a uivar como se estivesse chorando a perda do filho.

Agora são lembranças dos banhos que dei nele no rio, da alegria que ele demonstrava quando me via chegar à fazenda, de quando, ainda pequenino, entrava no vaso de ração para comer. Estava sempre buscando meu colo para deitar a cabeça e receber cafuné.

E por que estou aqui falando de Tapioca? É para aliviar a dor e homenagear esse cãozinho que foi tão especial para mim. Ele foi um exemplo do quanto essas criaturas são importantes em nossas vidas, nos levando às lágrimas, inundando nossos corações de saudades, como resposta às imensas alegrias que nos proporcionaram. Sim, devemos ser responsáveis por eles.

Lorena Souza


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