A costureira Sônia Regina Magalhães, de 55 anos, teve o cachorro de 10 meses envenenado. Para sua surpresa, ao levar o animal para ser atendido por uma veterinária da região, encontrou no mesmo consultório mais de cinco outros cães com o mesmo quadro, em Guarulhos (SP).
Moradora da Rua Francisca de Paula, no Continental, Sônia e outros vizinhos de bairro tiveram a sentença de morte de seus animais dada por um pedaço de salsicha com raticida, conhecido como chumbinho.
Segundo a costureira, seu cachorro teria ingerido o alimento com veneno na rua, mas já houve relatos de animais envenenados dentro de casa. “A tensão continua. Tenho outros dois cachorros que têm ficado presos longe do portão para não terem o mesmo destino. Também nos preocupamos com as crianças pequenas. Esses dias o neto de um vizinho quase come a salsicha jogada no quintal”, comentou.
A comerciante Lourdes Guedes, de 64 anos, tutora de dois cachorros, também se diz preocupada com a situação. Um de seus animais já morreu em decorrência do veneno na Rua Sílvia Cabral, também no Continental. “Ele tremia e vomitava a maldita salsicha. Temo pelos outros cães que tomam conta da minha loja. Já mataram muitos outros cães de vizinhos.”
Emocionada, a aposentada Maria de Lourdes Alves, de 65 anos, se disse revoltada com a situação. Tutora atualmente de seis cães, a aposentada sente falta de Galego, um de seus dois SRDs envenenados.
Além dos animais que não resistiram aos efeitos do raticida, dois cachorros de Maria de Lourdes foram envenenados da mesma maneira em outra ocasião, mas foram socorridos a tempo e não tiveram sequelas. “Fiquei arrasada. Agora eles ficam amarrados direto.”
Assassino escolhe o dia para atacar
A veterinária Daniela Oliveira Souza, de 30 anos, chegou a atender mais de 30 animais envenenados, fora os que foram encontrados já mortos.
Segundo Daniela, o assassino dos cães, e também gatos, de mês em mês escolhe um dia da semana para ‘atacar’. “A maioria dos animais está sendo envenenada dentro do quintal”, disse a veterinária, que culpa em parte a falta de fiscalização da venda ilegal de raticida no município.
Daniela recomenda aos tutores de animais da região que os animais sejam mantidos afastados dos portões e até mesmo adestrados para que não aceitem comida de estranhos. Ela faz um alerta: caso o animal tenha sintomas como salivação excessiva, tontura, contrações musculares descontroladas, dilatação ocular e diarréia ou vômito, não seja administrado leite, que pode promover maior absorção do veneno pelo organismo.
Envenenamento e venda de raticida são crimes
A veterinária Daniela Oliveira Souza recomenda a todos os tutores que sofrerem a perda de seus animais por envenenamento registrem boletim de ocorrência.
De acordo com a Polícia Militar, tal atitude é considerada crime previsto no artigo 32 da Lei dos Crimes Ambientais e está sujeito a pena de três meses a um ano de detenção, porém se houver morte do animal pode ser ampliada em até um terço.
É importante ressaltar que a venda do chumbinho em área urbana é proibida, e prevê multa de até R$ 19 mil para quem descumprir a determinação.
Apesar da denúncia dos moradores do Continental à Folha Metropolitana, o CPAM/7 da PM informou em nota que até o momento não havia recebido nenhum registro ou reclamação sobre a morte por envenenamento de animais na região, mas diz que tomará providências.
Fonte: FM
03/06/2011
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