Em observância ao Dia Mundial Antivivissecção, centenas de ativistas realizaram, em várias cidades brasileiras, manifestações pacíficas contra o uso de animais vivos em testes e experimentações científicas. Em São Paulo, cerca de 300 manifestantes compareceram neste sábado (15) no vão do Masp, na Avenida Paulista, para dar voz aos animais vítimas de métodos anacrônicos e desprovidos de ética.
Convocados por intermédio da rede social Facebook, pelo grupo “Cadeia para quem maltrata animais”, os manifestantes mostravam grande disposição em expor à sociedade o sofrimento desnecessário pelo qual passam os animais escravizados em laboratórios e biotérios.
A exibição de cartazes com fotos de animais engaiolados, dissecados e torturados em vida pretendeu desvendar a realidade por trás de cada medicamento ou produto cosmético, de higiene ou de limpeza, que grande parte das pessoas compra desconhecendo sua origem macabra, manchada de sangue e brutalidade.
O principal enfoque dado ao protesto foi a ineficácia dos testes e o desenvolvimento de novas tecnologias já disponíveis para ensino e pesquisa, que prescindem de forma absoluta do uso de animais para investigação de efeitos nos seres humanos, além de serem muito mais confiáveis e eficientes.
Uma prova de que os testes em animais não são eficazes é a lista de mais de cem medicamentos cuja tolerância nos animais exaustivamente testados se demonstrou alta, mas que causaram não só danos em humanos, como também morte após a ingestão das drogas. É mais do que evidente que o tipo de reação causada nos animais não pode ser comparado ao desencadeado no corpo humano.
Nos panfletos distribuídos durante o protesto, ressaltava-se uma lista de novos recursos alternativos à vivissecção: softwares, culturas de células humanas em laboratórios; simuladores que reproduzem as mesmas características do corpo; células-tronco; pesquisa genética; sistemas biológicos in vitro; modelos; simuladores; autoexperimentação e outros.
A exigência de ética foi constantemente ressaltada pelos organizadores da manifestação, que, ao megafone, pediam que as pessoas não fechassem os olhos para a triste realidade das vidas descartadas em nome de uma ciência charlatã e gananciosa. Um petição também circulou arrecadando assinaturas contra o uso de animais em pesquisas.
O alvo da manifestação foi o Ministério da Ciência e da Tecnologia, comandado por Aloisio Mercadante, que defende o cruel uso de animais no desenvolvimento de novos fármacos e procedimentos para o “avanço” da pesquisa e da ciência. Um apelo foi feito para que todos se manifestem escrevendo às autoridades que defendem essa prática cruel e falaciosa dos testes, pedindo que considerem as argumentações contrárias ao uso de animais. A informação sobre os políticos que compactuam com essa postura é fundamental para não só exigir deles uma decisão ética na elaboração das leis, como também não votar neles em eleições futuras.
O protesto se encerrou ocupando uma das vias da Avenida Paulista com uma caminhada, agregando também um grupo que coincidentemente protestava contra o novo código florestal e uniu-se aos manifestantes compartilhando do mesmo princípio de defesa dos animais contra a tortura institucionalizada.
Capital Federal
Em Brasília, o grupo “Cadeia para quem maltrata animais” realizou uma manifestação em frente ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Vestindo jalecos e com máscaras nos rostos, cerca de 100 ativistas distribuíram cartazes e folhetos para conscientizar a população da necessidade de abolir o uso de animais em experimentos científicos.
O grupo mostrou a quem passava pelo local que existem técnicas alternativas com resultados mais eficientes e precisos. A coordenadora da manifestação, Patrícia Elmoor, diz que para abolir o uso de animais é preciso vontade pública e política. E defende que é possível conscientizar os consumidores para que não usem produtos que sejam desenvolvidos a partir de experimentos com animais.
Foram realizadas também manifestações no Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Campinas.
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