terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O PODER DO AFETO


Pesquisas comprovam: contato com animais proporciona bem-estar físico e emocional. Em alguns casos, pode ser até melhor que remédio.

A medicina, a psicologia e a veterinária são unânimes em endossar o conceito de que ter um bicho de estimação pode e costuma fazer bem para o homem. A presença de animais humaniza ambientes como hospitais, asilos, orfanatos, escolas e presídios. Um simples contato estimula a vontade de viver, melhora a auto-estima, ameniza a ansiedade e a solidão, benefícios estes que aceleram a recuperação orgânica e ajudam a diminuir quadros depressivos.

 “Se para pessoas em condições absolutamente normais a presença de um bicho de estimação é benéfica, para pessoas fragilizadas ela é ainda mais relevante, podendo se tornar a essência da vida”, explica o médico geriatra norte-americano Willian Thomas.

Medir até onde pode chegar o potencial terapêutico do convívio com pets é um desafio e tanto. Como calcular, por exemplo, em quanto é reduzido o número de adultos doentes por causa da menor dependência em relação à televisão, aos videogames e à internet por parte das crianças que convivem com pets? A tendência foi identificada em 79% dos garotos e garotas por uma pesquisa feita com mais de 500 donos de animais de estimação nos Estados Unidos, em abril de 2000, pesquisa essa encomendada pela American Pet Products Manufactures Association (APPMA) à Internacional Communication Research. Outro dado difícil de avaliar é a quantidade de doenças que são evitadas pelos donos de animais de estimação que, por causa da companhia de seus pets, obtém melhor saúde emocional e física (84% dos entrevistados) e se declaram mais calmos e relaxados (74% dos entrevistados).

Algumas iniciativas de porte já foram tomadas na tentativa de avaliar cientificamente o poder dos pets sobre a saúde de seus donos. A Alemanha e a Austrália, por exemplo, se associaram, sob coordenação do australiano Bruce Headey, professor de ciência política da Universidade de Melbourne, e analisaram o uso dos serviços de saúde de seus países por 13.400 pessoas de 1994 a 1996. O estudo publicado em 1999 constatou que os donos de cães e gatos fizeram 15% menos de visitas médicas e ficaram 32% menos tempo nos hospitais que as demais pessoas, proporcionando com isto uma economia estimada em 16 bilhões de reais (9 bilhões de marcos alemães e mais 2 bilhões de dólares australianos).

O bem-estar obtido com o convívio com pets ganha respaldo crescente por parte de estudiosos da medicina. Abaixo seguem exemplos de cientistas que confirmam essas informações:

- Dr. Warwick Anderson, professor de fisiologia renal e cardiovascular da Universidade de Manahs, em estudo feito pelo Baker Medical Research Institute, em Melbourne, na Austrália, trabalhou de 1987 a 1990 comparando fatores de risco de doenças cardiovasculares em donos e não donos de pets. Foi tirada a pressão arterial de 5741 pessoas de ambos os sexos de 10 a 60 anos de idade. Mediram-se também o colesterol e os triglicérides sanguíneos e, com um questionário, obtiveram-se os dados sobre essas pessoas e seus hábitos. Os níveis mais regulares de triglicérides e de pressão arterial sistólica foram os donos de pets (homens e mulheres com mais de 40 anos, com diferentes tipos de pets, como cães, gatos, pássaros, peixes e cavalos). O melhor índice de colesterol foi o dos homens com pets. “Donos de pets tendem a ter pressão arterial mais regular e melhores níveis de colesterol e triglicérides”, diminuindo os riscos de patologias cardíacas, concluiu o autor.

- Dra. Karen Miller Allen, médica e pesquisadora científica da Universidade Estadual de Nova Iorque, em Buffalo, nos Estados Unidos. Estudo feito em associação com a American Heart Association em 1999 avaliou a influência do convívio com pets na resposta da pressão sanguínea ao estresse mental. Participaram 48 homens e mulheres hipertensos que moravam sozinhos. A metade deles se dispôs a adotar um cão ou gato. Todos foram medicados com lisinopril 20 mg e tirou-se a pressão deles tanto antes da adoção como seis meses após. Em ambas as vezes o estresse mental foi estimulado em duas provas e observada a variação de pressão. No exame final, a pressão arterial média, sob medicação, era de 12,1 por 8,2 nos dois grupos. O aumento de pressão por estresse mental foi menor nos donos de cão ou gato, subindo para 13 por 9 nas duas provas, enquanto nas pessoas sem pet registrou-se 14 por 8,9 e 14 por 9,4. “Menor estresse mental obtido no convívio com pets beneficia quem controla pressão arterial com remédio”, foi sua conclusão.

- Dr. Dennis Clair Tuner, diretor do Instituto de Etiologia Aplicada e Psicologia Animal (Ieap), em Hirzel, e professor no Instituto de Zoologia da Universidade de Zurique, ambos na Suíça. Em 1997, averiguou-se como o comportamento do gato é afetado quando o dono está deprimido. Observaram-se 96 pessoas que moravam “sozinhas” com um ou dois gatos em seus lares. A sessão durava duas horas e elas podiam fazer o que bem entendessem. Antes do início e depois do término, os participantes assinalavam quais adjetivos de uma lista melhor descreviam seu estado de espírito. Dezoito dos 28 participantes que se declararam deprimidos no início da prova consideraram-se menos deprimidos no final - e a eles pertenciam os gatos mais dispostos a cooperar quando solicitados. “Este estudo mostrou que a interação dos donos com seus pets (gatos) reduz a depressão desde que o felino coopere, é claro”, concluiu o pesquisador.

- Dr. Thomas Garrity, professor catedrático de ciência do comportamento da Universidade de Kentucky, com apoio da Delta Society e do Pet Food Institute of America, nos Estados Unidos. Em 1987, pesquisadores profissionais da Universidade do Kentucky entrevistaram por telefone 1232 pessoas com 65 anos ou mais, selecionados por critérios estatísticos de amostragem. Foram perguntados sobre posse de pets, estresse, apoio social, depressão e doenças recentes. Entre elas, 408 tinham pets (mais de 85% eram cães e gatos). Foi constatado que, entre os idosos sem amigos próximos, os donos de pets eram menos deprimidos (donos com forte depressão = 0%; não donos = 53,3%) e, entre as pessoas com poucos amigos próximos, havia menos casos de forte depressão nas pessoas com fortes laços com seus pets (donos com forte depressão e fortes laços com seus pets = 40%; donos com forte depressão e laços fracos com seus pets = 76,5%). “Animais de estimação ajudam a evitar a depressão em idosos, principalmente nos que tem menor contato com pessoas” concluiu.

- Dra. Erika Fridemann, bióloga e presidente do Departamento de Saúde e Nutrição da Faculdade do Brooklyn, na Universidade de Nova Iorque, EUA. Em 1995, foram cadastradas 369 pessoas que sofreram enfarte do miocárdio e também arritmia ventricular. Um ano depois, 6% das sem pet haviam morrido contra 1,1% dos com cães. Segundo a pesquisadora tudo indica que a maior sobrevida resultou da relação com os cães, pois as pessoas dos dois grupos tinham perfis semelhantes e a função cardíaca dos donos de cães não era melhor que a dos demais. “O convívio com animais de estimação proporciona provável aumento de sobrevivência as pessoas com males do coração” concluiu a autora.

- Dr. Bill Hesselmar, médico do Departamento de Pediatria da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Em 1991, 2.481 crianças com 7-9 anos de idade, da costa oeste e do interior do Norte da Suécia, foram submetidas a um questionário para detectar a presença de problemas de origem alérgica. No ano seguinte, um subgrupo de 412 crianças foi submetido a um teste de pele e a uma entrevista sobre sintomas clínicos. Em 1996, a pesquisa foi repetida com as mesmas crianças, com a adição de perguntas sobre a exposição a cão ou gato no início da vida. Nesse teste, 8,6% das crianças expostas a cães ou gatos durante o primeiro ano de idade, contra 13,3% das não expostas, haviam-se afetados por asma. Casos de rinite alérgica foram constatados em 17,7% das crianças expostas a cães ou gatos contra 23,9% das sem pets. “Criança expostas a cão ou gato no primeiro ano de vida tem menos rinite alérgica e menos asma em idade escolar”, concluiu o pesquisador.

- Dr. Sami Remes, pediatra do Hospital da Universidade de Kuopio, Finlândia, em estudo feito para o Centro de Ciências Respiratórias da Universidade do Arizona, nos EUA. A partir de 1980, 1.246 crianças recém nascidas foram acompanhadas por 13 anos. Das sem histórico do mal e sem cão ou gato, 24,6% desenvolveram respiração com chiado típico sintoma da asma em crianças, enquanto apenas 17,1% das com um ou mais cães dentro de casa foram atingidas pelo problema. O estudo mediu também a sensibilidade alérgica por meio de testes de pele, aos 6 e 11 anos de idade, e de sangue, aos 9 meses, 2 e 13 anos. Deduziu-se que a exposição a cães no início da vida preveniu a asma, mas a tendência não ficou clara na exposição a gatos. Conviver desde cedo com cães e gatos não aumentou a incidência de alergias. “Crianças que convivem com um ou mais cães desde pequenas tem menos asma e não são mais alérgicas que as demais”, concluiu.

- June McNicholas, pesquisadora especializada em Psicologia da Saúde da Universidade de Warwick, na Inglaterra. Foi publicado em 1995 o resultado de entrevistas com as mães de três jovens autistas (dois tinham 12 anos de idade e outro, 22), com histórico de agressão frequente a familiares, e que tinham animal de estimação (dois tinham gato e o outro, coelho). As mães informaram o grau de agressividade de seus filhos com os pets era baixo se comparado a agressividade dirigida a humanos. Os autistas também procuravam os pets em busca de companhia demonstrando satisfação em tocar neles, bem como para obter conforto quando tristes, assustados ou passando mal, ao contrário do que faziam com a maioria dos humanos. Dois dos três autistas também demonstraram sensibilidade para atender as necessidades e sentimentos dos animais.

A hipoterapia (terapia com cavalo) e asinoterapia (terapia com burro) são úteis no acompanhamento de crianças com paralisia cerebral, autismo, hiperatividade e síndrome de Down. Montar, tocar, interagir, alimentar o bicho estimula a coordenação motora, o equilíbrio e a fala, além de melhorar a auto-estima. 

Em crianças e adolescentes, o contato com animais nas escolas melhora a auto-estima, o rendimento escolar e a socialização, além de ensinar conceitos éticos e humanitários, o que é muito bom para a formação do caráter dos jovens.

Enfim, todo dono vivencia no dia a dia os benefícios oferecidos pelo convívio com seus pets. A contribuição positiva acontece tanto no ambiente doméstico como em hospitais e instituições de reabilitação de crianças, asilos e clínicas de repouso e nos presídios, bem como em ambientes privilegiados de trabalho, nos quais é permitido levar o pet, entre tantas possibilidades. As vantagens para a saúde humana proporcionadas pela interação entre homens e animais são cada vez mais compreendidas e valorizadas. E o melhor é que esse convívio benéfico pode acontecer principalmente dentro do nosso próprio lar.

Fontes:
http://www.espacoanimal.com.br

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